Taguatinga celebra hoje 67 anos de história. Desde a sua fundação, a região administrativa se destacou por reunir sonhos e esperanças de pessoas de todas as regiões do país. Foi com o trabalho desses pioneiros que se construiu sua identidade, tornando-se um dos mais importantes polos comerciais do Distrito Federal. Para marcar essa data especial, o Aqui-DF preparou uma edição especial que conta histórias de quem tem orgulho de viver e fazer parte de uma cidade de braços abertos para o futuro.
Um dos pontos de destaque é o Taguaparque, área verde onde moradores encontram respiro da correria do dia a dia. A professora Fernanda Beatriz Oliveira, 48 anos, é frequentadora assídua desde a inauguração. Todos os dias, ela passeia pelo local acompanhada da cadela Luna. "Quando eu vim morar aqui, era um lixão. Agora ter esse parque maravilhoso é muito bom. Aqui posso vir relaxar, trazer a cachorrinha e ainda fazer atividade física".
A cidade também se projeta na área da educação, com instituições renomadas, como a Universidade Católica de Brasília (UCB) e o Centro Universitário de Brasília (Ceub), que atraem estudantes de toda a capital e até de outros estados. Catarina Lins, que cursa jornalismo na UCB, acredita que a cidade tem potencial para crescer ainda mais se houver descentralização das oportunidades. "Meu sonho é trabalhar em Taguatinga. Parece impossível, mas eu queria que tudo fosse descentralizado. É uma questão da construção de Brasília. Essa centralização de cultura, de trabalho, de emprego, de tudo. Não compensa estar mais perto do trabalho, mas longe de casa", desabafa.
O comércio também é um motor que movimenta a cidade. Espaços, como a Feira dos Goianos e o Taguacenter se tornaram referência em preço e variedade, atraindo até quem mora fora da região. "Taguatinga conta com cerca de 240 mil habitantes e 18 mil empresas funcionando normalmente, com mais 6 mil empreendedores individuais", explica o presidente da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (Acit), Justo Magalhães. "Todo mundo, independentemente de onde mora, corre para cá, em função do preço", completa.
Mas Taguatinga é muito mais que trabalho e compras; é também resistência cultural. No fim dos anos 1980, nasceu no coração da cidade o Teatro Rolla Pedra, um espaço de arte livre em tempos de censura. O local é agora retratado no livro Teatro Rolla Pedra — Arte e utopia sob nuvens de chumbo, do poeta Paulo Kauim. "O Rolla Pedra foi o lugar que a gente podia gritar, ser livre. Foi um cruzamento de tribos, e a gente vivia em total harmonia", relembra, com emoção.
Essa herança cultural ecoa também nos palcos alternativos, como o lendário Blues Pub, fundado por Lazia Barbosa, a Lazia Blues. Referência da música autoral e da cena cultural de Taguatinga, ela guarda com carinho a trajetória vivida na cidade. "Sinto orgulho de fazer parte dessa cidade, de ter filhos e netos taguatinguenses. Até hoje sou parabenizada pelos encontros culturais que realizei", afirma.
Outro espaço símbolo da resistência artística é a Galeria Olho de Águia, fundada em 2002 pelo fotógrafo Ivaldo Cavalcanti, com passagens pelo Jornal do Brasil e pelo Correio Braziliense. "Eu queria montar uma agência de fotografia. Tinha um acervo enorme, tudo guardado. Minha esposa sugeriu: 'Por que não uma galeria?' Quando vi o espaço, 300m², senti que ali eu podia abrir as asas", relembra. O local se transformou em centro de arte, cinema alternativo, música autoral e podcasts. Um abrigo cultural em meio ao concreto da cidade.
Até mesmo a gastronomia tem sua identidade em Taguatinga. A hamburgueria Madre Teresa Deli, conhecida como "a mais pobre do mundo", une fé e sabor em um espaço autêntico e acolhedor. "Criamos esse espaço em um momento da nossa vida em que queríamos ser nós mesmos, mais autênticos e sem medo de preconceitos religiosos (a maioria dos frequentadores é católica). Foi uma ideia ousada, principalmente, porque estávamos passando por algumas dificuldades financeiras", conta Daniel Larsan, idealizador da hamburgueria.
Na área central da cidade, a transformação também ocorre por meio do esporte. A academia Olímpica, que oferece diversas modalidades de artes marciais, é referência em disciplina e superação. O professor e proprietário Alysson Vicuña destaca a tradição taguatinguense no taekwondo e em outras lutas. "A cidade foi um berço de grandes lutadores. Temos nomes bastante relevantes em várias artes, em especial, no taekwondo", sublinha.
Fonte Correio Braziliense